Luiz Braga: uma fotografia da "Caboquice"?
A pesquisa sobre o trabalho do fotógrafo Luiz Braga teve início em janeiro de 2018 na minha graduação em Teoria, Crítica e História da Arte na UnB, com a orientação da professora Adriana Macedo. Naquele momento estava interessado principalmente em como esse artista criou ao longo de seus quase quarenta anos de carreira uma visualidade sobre a caboquice na região amazônica no Pará (Brasil) através da fotografia.
Participei de uma residência artística com o Luiz Braga na Ilha do Marajó em maio de 2018. O que propiciou acompanhar de perto a rotina do artista na criação de suas fotografias, além de conhecer diversos lugares da ilha, como o Ateliê de Arte Mangue Marajó, Associação da comunidade e algumas praias e rios da região.
O fotógrafo Luiz Braga realizou durante a sua trajetória diversas experiências estéticas, desde seus registros em preto e branco, passando pelas suas séries em Nightvision, até suas fotografias coloridas. Entretanto, a cor não aparece solitária em seu trabalho, mas ela está em íntimo diálogo com a caboquice.
A partir dessa experiência inicial decidi fazer um mestrado em Antropologia Social na Universidade de Goiás (UFG), com supervisão do professor Glauco B. Ferreira. Essa pesquisa tem como objetivo fazer um diálogo entre a produção fotográfica do artista sobreposta à categoria “caboquice” na Ilha do Marajó-PA.
Segue abaixo algumas fotografias feitas pelo artista Luiz Braga ao longo das últimas décadas. Utilizo dessas fotografias na minha investigação na pesquisa de mestrado em Antropologia Social na UFG. Por fim, segue aqui o site do artista com todas as fotografias, além de seu Instagram.
Marajoara
Em maio de 2018 participei da Vivência Marajó, uma residência artística na Ilha do Marajó, Pará, Brasil, com o fotógrafo Luiz Braga. Durante essa experiência fiz uma série fotográfica sobre o “Carimbó” chamada Marajoara I, II e III. O carimbó é um estilo musical da região norte do Brasil que mistura ritmo musicais africanos, indígenas, portugueses e caribenhos, além dos usos de cores vibrantes nas roupas com muitos desenhos.
Como sempre tive interesse na relação entre fotografia e pintura decidi fazer uma experimentação com o recuso de longa exposição da câmera digital com o objetivo de criar essa sensação de pinceladas nessas fotografias sobre o Carimbó.
Ainda fiz um vídeo chamado “Dança das águas marajoaras” no litoral da Ilha do Marajó. As relações entre o rio e as tradições culturais dos moradores da ilha estão ligadas de uma forma muito íntima, inclusive pelo uso de cores vibrantes nas caligrafias dos barcos.
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Livro
Quando uma viagem começa? Quando fazemos o roteiro ou quando compramos a passagem? Ouvi essa reflexão da artista Karina Dias, e essa anedota me acompanha até hoje. Nunca procurei uma resposta, mas essa indagação tem me ajudado a refletir sobre quando comecei essa trajetória de diálogo com a fotografia de Luiz Braga.
O primeiro passo foi o entendimento desta primeira relação dialógica sobre a Caboquice imaginada por Luiz Braga e as diversas interpretações realizadas pela antropológica ao longo do tempo, bem como os agenciamento das fotografias nos diversos espaços institucionais de construção de sentido, memória e debate, como museus, galerias, centros culturais e exposições as quais o artista realizou.
Por fim, neste livro fiz a escolha de trabalhar com um recorte fotográfico específico a partir do acervo do artista. A princípio, escolhi trabalhar com três diferentes grupos de fotografias: fotografias feitas em visão noturna; fotos em preto e branco, e, por fim, fotos coloridas.